terça-feira, 13 de abril de 2021

2010 - O Ano em Que Faremos Contato

Duas semanas atrás falei aqui sobre 2001 - Uma Odisseia no Espaço.
Não leu ainda? Clique aqui e confira!

Como falamos, para a concepção de 2001, o diretor Stanley Kubrick se uniu ao escritor Arthur C. Clarke, autor de contos de ficção científica, para elaborar um romance com título homônimo. Só que a produção de Clarke não parou por aí. O capítulo seguinte foi 2010 - Uma Odisseia no Espaço 2, 2061 - Uma Odisseia no Espaço 3 e 3001 - A Odisseia Final. 





Apenas 2010 foi levado às telas do cinema. Com o subtítulo de "O Ano em Que Faremos Contato" em português do Brasil, procurou explicar as perguntas deixadas em aberto no filme de 1968. Para muitos, isto foi uma tremenda heresia e por isso acabou no esquecimento. Em 2015, durante o fechamento da 2001 Vídeo, localizada na Avenida Paulista, encontrei o DVD e comprei para minha coleção.

Confesso que assim como muitos fãs de Kubrick, não gostei inicialmente da obra dirigida por Peter Hyams e protagonizada por Roy Scheider, John Lithgow, Helen Mirren e que contou com os retornos de Keir Dullea ao papel de David Bowman e de Douglas Rain a voz do nosso querido HAL-9000. Mas 5 anos depois, mudei de opinião e a sequência entrou para os meus filmes favoritos.

Seu ritmo bem determinado de cenas não e algo comum. Ironicamente passa a ideia de, ao contrário da visão de Kubrick, querer situar o espectador de cada passo da história, que consiste em mostrar o Dr. Heywood Floyd tentando reparar os erros da missão que levou a morte dos astronautas da nave Discovery em 2001. Ele consegue ir ao espaço junto com a tripulação russa na nave Leonov e, enquanto a missão se desenrola, a tensão na Guerra Fria toma conta do noticiário.

É interessante situarmos a história tanto no tempo do filme quanto da vida real. 2010 foi lançado em 1984, num mundo comandado por Ronald Reagan como presidente dos Estados Unidos e Konstantin Chernenko, um dos líderes que menos tempo chefiou a União Soviética após o longo periodo de Leonid Breznev. A situação estava realmente tensa, algo que o mundo não via desde a Crise da Baia dos Porcos em 1961, quando a URSS ameaçou bombardear os EUA com mísseis posicionados em Cuba. 



No enredo de 2010, o mundo se encontra em situação similar ao 1984 real, com a tensão a flor da pele e países duelando para provar qual era o melhor sistema político-economico. Será que tal situação influenciaria na relação de Floyd com seus novos amigos?

Além desta questão, há ainda a pergunta: quando reativado, Hal seria confiável? Para minorar os riscos, junto com Floyd vai o Dr Chandra, criador do computador. Antes da viagem somos apresentados a Sal, uma inteligência feminina irmã-gêmea do computador.

As respostas você pode ter assistindo ao filme, é claro que eu não vou dar spoiler! Mas embora "esquecido", 2010 conseguiu faturar 10 milhões de dólares a mais que seu custo, chegando a 40 milhões de dólares na América do Norte.

E aí, você já assistiu? O que achou? Conte para a gente!

Título: 2010 - O Ano em que faremos contato
Diretor: Peter Hyams
Roteiro: Peter Hyams e Arthur C. Clarke
Elenco: Roy Scheider, John Lithgow, Helen Mirren, Bob Balaban, Keir Dullea, Douglas Rain
Ano de produção: 1984
Duração: 116 minutos
Estúdio: MGM

Gênero: Ficção Científica

terça-feira, 6 de abril de 2021

Contatos Imediatos do Terceiro Grau

Após lançar o grande sucesso Tubarão (Jaws, 1975), Steven Spielberg ofereceu a Universal o projeto de um filme onde humanos seriam visitados por habitantes do espaço. O estúdio recusou o projeto e ele o ofereceu a Columbia que topou produzir.




O cinema já havia recebido títulos de ficção científica, como o próprio 2001 sobre o qual falei na semana passada. Mas a ideia de Spielberg ia além. Ele procurava mostrar no filme o lado "criança" de uma sociedade que, embora embora estivesse fazendo a transição do analógico para o digital e já visitado a Lua, ainda era muito infantil em relação às questões do além-Terra. 


Em entrevista, Spielberg conta que o título surgiu das explicações do ufologista J. Allen Hynek, que prestou consultoria ao cineasta. Allen já havia trabalhado para o governo norteamericano na identificação de casos de ufologia. Embora tenha provado que milhares não eram reais, aqueles que ele não conseguiu chegar a um parecer o fizeram largar o trabalho na administração federal e se dedicar a estudar o assunto.



Segundo J. Allen Hynek, um contato de primeiro grau é aquele no qual o extraterrestre faz algum contato nos céus, de forma visual; o de segundo grau é aquele em qual alguma marca é deixada (como no caso dos círculos eternizados em "Sinais"); por fim, o de terceiro grau é aquele em que humanos e os visitantes "conversam" ou se tocam. Dai surgiu o título "Contatos Imediatos de Terceiro Grau" (Close Encounters of the Third Kind). O diretor teve dificuldades em explicar o conceito para o estúdio, mas tudo correu bem e Allen chegou a aparecer por breves segundos na sequência final da obra. Uma bela homenagem!



Ainda em seu relato, Spielberg conta que sua escolha principal para o papel de Roy Neary tinha sido Steve McQueen, que embora tenha gostado muito do roteiro acabou recusando por um motivo bem interessante: ele disse que nunca em qualquer filme dele havia conseguido chorar. Spielberg alegou que poderia tirar as cenas de choro do filme, mas McQueen disse o principal: eu não consigo chorar como ator, mas como espectador me emocionei muito ao ponto de deixar lágrimas rolarem. Por isso, não retire. O público merece ter esta emoção, esta verdade.


Steve McQueen, o chamado "King of the Cool"

Uma figura bem conhecida do público fã do diretor o rondava querendo conquistar o papel: Richard Dreyfuss, o oceanógrafo Matt Hooper de Tubarão. Após muita insistência, Spielberg enxergou algo nele: o olhar de criança, aquele que se maravilha com o simples e com o extraordinário, justamente o que ele procurava para a produção.



Outro papel importante seria o do estrangeiro que investigava as primeiras ocorrências de contato que aconteciam em todo o mundo no filme. Seguindo o mesmo padrão, Spielberg, reticente, ligou para um dos seus maiores ídolos: François Truffaut. O lendário diretor francês topou na hora. Steven Spielberg conta que até hoje não conheceu pessoa mais bondosa no mundo. A dificuldade com o inglês, reforçava essa tentativa de comunicação com um mundo diferente.



O filme começa com a descoberta, no deserto de Sonora, no México, de um avião desaparecido na segunda guerra mundial (isso em 1977!). O equipamento estava intacto, mas sem sinal de seus tripulantes. Um morador local, com parte do rosto bronzeado diz que viu belas luzes nos céus. Enquanto isso, fenômenos do tipo acontecem na India e nos céus de Indianápolis, onde duas aeronaves quase colidem. Já na cidade de Muncie, também no estado de Indiana, um garoto de apenas três anos tem primeiros contatos com as luzes. O fato mexe com a comunidade local, e logo os oficiais de Washington - com todo aquele "cuidado" - chegam a localidade para estudar os acontecimentos. Só que o eletricista Roy não se convence e junto com a mãe do garoto Barry, Gillian, seguem rumo ao Wyoming, onde tudo parece acontecer. Tudo devidamente ligado pelas cinco notas que hoje estão no inconsciente de milhões ao redor do mundo.

A composição é de John Williams, rei das trilhas para cinema e televisão. O autor do tema do telejornal NBC Nighly News, das Olimpíadas de Atlanta, de E.T. e de outros grandes sucessos elaborou mais de 30 versões antes de bater o martelo com o diretor. O resultado: o Grammy de melhor trilha sonora, o Oscar especial de Efeitos Sonoros e a indicação a melhor trilha sonora também pela Academia. Tudo isso, vale lembrar, no mesmo ano em que Star Wars chegou às telas, o que rendeu uma cena incrível: os dois filmes interagindo na cerimônia!


Um fato interessante para quem gosta de televisão é que este filme ajudou a inaugurar a Rede Manchete de Televisão e deu o tom do visual futurista da emissora de Adolpho Bloch. No dia 05 de junho de 1983, após o show inaugural, a obra foi exibida. Antes disso, ainda com os slides experimentais, o recado já estava dado: era um dos maiores sucessos da história do cinema chegando para todo o Brasil.


Slide de inauguração da TV Manchete em 05/06/1983


Quando digo que deu o tom, não é exagero. Embora a Rede Tupi já tivesse usado as cinco notas do filme em uma vinheta, a Manchete repetiu o fato e o toque virou o seu "plim-plim" na divisão dos blocos de todos os filmes e séries exibidos por pelo menos seus 3 primeiros anos. 

Além disso, os geradores de caracteres (onde os nomes são apresentados), inclusive dos telejornais, ganharam a mesma fonte do filme. As referências não foram poucas, até o estúdio tinha um tom espacial, além do próprio logo, uma nave!





Ainda na edição especial lançada em DVD em 2009, Spielberg fala sobre as versões que foram lançadas. Graças ao grande sucesso do filme, ele conseguiu autorização para gravar uma versão extendida, onde um grande navio apareceria em alguma das locações. Em troca, ele diz que teve que fazer um pacto com o Diabo, ao ter que criar imagens dentro da nave na sequência final. Ele discordava da ideia por achar que essa visão deveria ser criada pelo próprio espectador. Na versão do diretor, este trecho foi adaptado. O box contava com as três versões e ainda está disponível em algumas lojas online.


O diretor ainda conta que, com excessão de Tubarão, que contou com muitas cenas nas águas, Contatos foi o filme mais difícil de sua carreira até então. O nível de detalhismo era enorme!


E onde entra E.T. neste texto? Bom eu só posso contar se você aguentar o spoiler! Então, se ainda não viu Contatos Imediatos do Terceiro Grau, não prossiga! hehe 


Na cena final, os extraterrestres visitam a Terra e devolvem todas as pessoas que foram abduzidas, incluindo Barry e a tripulação do avião da segunda guerra. Um dos seres até pensa em ficar na Terra, como parte de um intercâmbio, já que Roy decide ir com eles embora. Mas Spielberg explica que, embora tenha pensado em deixá-lo na Terra para ter contato, achou melhor que ele fosse embora também. A ideia do extraterrestre convivendo com humanos foi melhor trabalhada e se tornou o fenômeno de 1982. 


Até a próxima!

Titulo em português: Contatos Imediatos do Terceiro Grau
Titulo original: Close Encounters of the Third Kind
Direção: Steven Spielberg
Ano de Produção: 1977
Duração 2h15
Estúdio: Columbia

terça-feira, 30 de março de 2021

2001 - Uma Odisseia no Espaço

Em 1968, o mundo se aproximava do ápice da corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética. O país norte-americano chegaria a Lua no ano seguinte, com os astronautas Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin dando os primeiros passos da humanidade fora do planeta Terra.

Nas telas do cinema, o já espetacular Stanley Kubrick previa qual seria nosso cenário 33 anos depois. Nasce assim, 2001 - Uma Odisseia no Espaço.

O filme é fruto de uma parceria do diretor com o escritor Arthur C. Clarke. A ideia não nasceu da adaptação de um livro já existente, como é comum, mas sim exigiu a criação de um romance exclusivamente para servir como base para a obra cinematográfica. 





Contando com uma tecnologia inovadora de captação de imagens na época, o filme foi exibido em poucos cinemas em sua estreia. Tratava-se de uma estratégia para aguçar a curiosidade dos espectadores. No entanto, o resultado foi bem dividido na crítica. Por ter um formato completamente diferente, contando com dezenas de minutos de silêncio absoluto em seu início - onde era retratada a era pré-histórica, e belas, porém "inquietantes" sequências no espaço, recebeu críticas negativas. Para alguns, poderia ser um marco para cinéfilos, mas dificilmente alcançaria a glória e popularidade que os produtores desejavam.

Conforme visto nos extras disponíveis na Platinum Edition lançada na ocasião dos 40 anos de lançamento, a MGM ordenou a retirada do filme das salas de exibição, mas os proprietários começaram a ligar para a empresa pedindo para manter, pois um fenômeno começara a ocorrer. Pequenos grupos de cinco ou seis pessoas entravam na sala e assistiam ao filme na primeira fila. O motivo? Descobriram que poderiam potencializar o efeito das drogas alucinógenas com os efeitos especiais. Vale lembrar que além da corrida espacial, o mundo se aproximava de Woodstock.

2001 ganhou maior espaço no coração das pessoas e seus ícones passaram a ser cult. É o caso do monolito, a peça que aparece misteriosamente na pré história e liberta o conhecimento para a evolução da humanidade. Milhares de anos depois, ela reaparece na Lua, despertando a curiosidade. 


Outro personagem intrigante - e apaixonante - é Hal-9000. O computador que controlava a nave Discovery e interagia via voz com a tripulação. Hoje Hal habita a residência de muitos de nós sob a forma de Alexa, Google Assistente ou Cortana. As três letras eram uma alusão a "Heuristically programmed ALgorithmic", em português Computador Algorítmico Heuristicamente Programado e em linguagem de humanos normais, um computador que consiga dar respostas claras para perguntas difíceis. Complexo, né? Mas esta é a definição de Arthur C. Clarke. No entanto, convencionou-se a acreditar que o nome é uma referência a IBM, pois todas as três letras estão imediatamente anterior no alfabeto à sigla da gigante da computação.

O final do filme é bem polêmico. Cada um entende de uma maneira e muitos não entendem nada. O próprio Kubrick deixou em aberto esta possibilidade e aí está a beleza deste clássico. Até hoje 2001 inspira os novos cineastas a descobrirem o desconhecido. 



Algumas inovações se concretizaram, como o videofone (que na época já era apresentado em algumas feiras de eletronica) e outras não saíram do papel ainda, como as pessoas andando normalmente na Estação Espacial Internacional. O filme estudou e criou na tela a noção de que naves circulares promoveriam a gravidade necessária, mas a Nasa nunca se interessou em repetir o experimento e até hoje os astronautas precisam ter muito malabarismo para manter o mínimo de equilíbrio.

E você? O que acha de 2001? Comente!
Até a próxima!

2001 - Uma Odisséia no Espaço
Elenco: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester, Douglas Rain
Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke
Estúdio: MGM
Gênero: Ficção Científica
Duração: 142
Ano de Produção: 1968


sábado, 27 de março de 2021

Celular: Um Grito de Socorro

Imagine atender o celular e do outro lado da linha ter uma mulher pedindo socorro após ser sequestrada. 

No Brasil é bem comum golpes com ligações do tipo serem realizados todos os dias. Só que no caso de Ryan (Chris Evans) não se trata de um golpe. A casa de Jéssica Martin (Kim Basinger) é invadida por um bando que a leva após matar sua empregada. 

No cativeiro, Jéssica é colocada em um quarto e o telefone do local é destruído. Só que ela consegue juntar os fios e ligar para Ryan, que não acredita inicialmente na história. Mas logo tudo muda quando ele descobre o quanto o grupo de Ethan (Jason Statham) pode ser violento.



Assisti a este filme pela primeira vez pouco após seu lançamento, ainda em 2004, em VHS. Anos depois comprei o DVD. O enredo do filme, ainda atual, é empolgante e de certa forma me lembra os formatos que foram lançados para televisão, aqueles em que alguém atende uma ligação e deve seguir as ordens sem deixar a chamada cair. 

É um filme que une gerações. Kim Basinger é nossa queridinha desde títulos como A Fuga, onde contracenou com o ex-marido Alec Baldwin. Já Jason Statham destacou-se na série de filmes Carga Explosiva já nos anos 2000. E Chris Evans alcançou a glória nos papéis dos filmes do Capitão América

Menção também ao excelente William H. Macy, de Jurassic Park III. 

Celular é sempre lembrado pela bela propaganda que fez dos telefones da Nokia. Os indestrutíveis aparelhos da fabricante finlandesa conquistaram o mundo nos anos 1990 e 2000 e hoje tentam retornar ao mercado com versões Android. Infelizmente em uma das cenas, a ficção desafia a realidade e mostra um Nokia se despedaçando ao cair, acreditem, de um edifício - um exagero! Hehe

Celular - Um Grito de Socorro
Cellular 
Direção: David R. Ellis
Duração: 95 min
Distribuidora: Warner / New Line
Gênero: Ação


2010 - O Ano em Que Faremos Contato

Duas semanas atrás falei aqui sobre 2001 - Uma Odisseia no Espaço. Não leu ainda? Clique aqui e confira! Como falamos, para a concepção de 2...